Após o pronunciamento da vereadora Raimunda Florêncio onde alegou existir favorecimento a alguns vereadores em detrimento de outros, muito se falou sobre uma possível crise entre a base aliada do governo na câmara municipal.
Pouco se falou, entretanto, que a manifestação não apresentava relação com a necessidade ou os problemas do povo, mas apenas com os seus interesses políticos quanto ao governo. Interesses baseadas em preocupações como “quem manda mais que quem”, “quem sai como bom ou ruim” e “quem recebe menos empregos e tem que votar igual”.
A vereadora que, em certo trecho do depoimento, afirma ficar calada em algumas situações por, em suas palavras, “não ter jeito pra dar”, mostrou que sabe quebrar o silêncio, inclusive, usando a tribuna para mandar recado quando não consegue atenção do poder executivo.
É difícil duvidar do que Raimunda fala sobre o favorecimento a alguns vereadores e sobre sentir-se discriminada. Mas o que é mais difícil é acreditar que o político agora vai falar abertamente sobre as negociatas e jogos de interesses que sabidamente existem em todo lugar, mas não deveriam existir em lugar nenhum. E o povo vai ter que aguentar. E ainda vai ter político corporativista dizendo que ela não tá errada, que o errado é esse texto.
Não há margem para interpretações. As palavras são claras. Tanto quanto às queixas sobre a influência maior de outros vereadores, quanto a quem se capitaliza das ações da prefeitura, como também à obrigatoriedade de votar junto com um vereador que ganha mais empregos junto à prefeitura.
Tudo escancarado na tribuna em que deveriam ser tratadas as questões e projetos referentes à saúde, à educação e ao bem estar da população. Tudo pra mandar recado pra um prefeito que, provavelmente, ignorou alguns telefonemas. Tudo na cara de uma sociedade que, quando conveniente, consegue ser mais calada que a própria Raimunda.
A pergunta que fica para o prefeito Gustavo Carmo é que tipo de governo ele pretende e conseguirá exercer contando com aliados assim.
*Rayner Freitas*
6723/BA
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