Por O GLOBO — São Paulo
No maior estudo desse tipo, os pesquisadores analisaram dados de mais de 70 mil indivíduos para identificar variantes genéticas que podem modificar a forma como o folato dietético (vitamina B9), os suplementos de ácido fólico e o folato total podem influenciar o risco de câncer colorretal.
Os resultados mostraram que para pessoas que consumiam níveis mais elevados de folato na dieta, o risco de desenvolver câncer de intestino caiu 7% para cada 260 microgramas de maior consumo de folato na dieta, o que corresponde a 65% da quantidade diária recomendada (400 microgramas).
O folato é uma forma natural de vitamina B9 e é encontrado em muitos alimentos. Boas fontes incluem alimentos como espinafre, repolho, brócolis, sementes de girassol, grãos integrais, leguminosas como grão de bico, lentilha e feijão, e frutas, especialmente frutas cítricas como laranja. O folato também está disponível como suplemento na forma de ácido fólico.
Segundo os autores, esses resultados indicam que o folato pode ser eficaz na prevenção do câncer colorretal, mesmo em níveis regulares de ingestão, que podem ser alcançados através da dieta. O estudo também sugere que o folato pode estar influenciando o risco de câncer, incluindo diferentes genes envolvidos na modulação deste risco.
O folato e o ácido fólico são essenciais para ajudar a produzir glóbulos vermelhos e são especialmente importantes para mulheres que estão grávidas ou tentando engravidar.
“Este estudo acrescenta ao que temos dito há anos – que uma dieta saudável baseada em vegetais, frutas, grãos integrais e leguminosas pode ajudar a reduzir o risco de câncer. O folato, que é encontrado em uma variedade de alimentos, incluindo vegetais de folhas verdes como espinafre e brócolis, não só tem sido associado à redução do risco de câncer de intestino, mas também apoia a nossa saúde geral se consumido regularmente”, ressalta Matt Lambert, nutricionista e gerente de informações de saúde do World Cancer Research Fund.
Reduzindo o risco
O câncer de intestino é o quarto câncer mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, mama, próstata e cólon e reto. Dados da Fiocruz apontam que a mortalidade por esse tipo de tumor está crescendo na maioria dos países da América Latina, incluindo o Brasil.
No novo estudo, os investigadores exploraram interações de variantes genéticas comuns e folato na dieta, uso de suplementos de ácido fólico e folato total em relação ao risco de câncer colorretal. Eles também descobriram que uma área do genoma em particular (uma localização 3p25.2 no cromossomo 3) pode modificar a associação de suplementos de folato com o risco de câncer. No entanto, sublinham que é necessária mais investigação para identificar os genes envolvidos e a sua influência.
"Quando se trata de câncer de intestino, há uma série de coisas que as pessoas podem fazer para reduzir o risco, incluindo comer uma dieta variada - rica em grãos integrais, vegetais, frutas e feijões – o que apoia as descobertas deste estudo. Os potenciais benefícios protetores da vitamina B9 para a saúde são demonstrados neste grande estudo. O estudo também encontrou algumas descobertas promissoras sobre como o folato pode estar influenciando o risco de câncer, incluindo diferentes genes, mas estas precisam de mais exploração”, disse Konstantinos Tsilidis, leitor de Epidemiologia e Prevenção do Câncer no Imperial College London, em comunicado.
"Curiosamente, neste estudo, os efeitos protetores foram observados nas ingestões dietéticas habituais de folato, indicando ainda mais a importância dos alimentos ricos em folato como parte de uma dieta saudável e equilibrada, além de ser fisicamente ativo", completou Helen Croker, diretora Assistente de Pesquisa e Política do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer, em comunicado.
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