Doses não foram utilizadas devido a fatores como indecisão, armazenamento inadequado e doações entregues perto da data de validade
Mais de 1 bilhão de vacinas contra a Covid-19 podem ter sido desperdiçadas devido à distribuição desigual de imunizantes no mundo, indecisão sobre a vacinação e armazenamento em temperatura incorreta, concluiu uma análise do grupo de dados de saúde Airfinity.
A empresa de análise estima que 1,1 bilhão de doses —cerca de 10% de todas as vacinas de Covid produzidas— foram desperdiçadas desde que os imunizantes foram aprovadas no final de 2020. Quase 800 milhões foram desperdiçadas nos primeiros seis meses deste ano, segundo estimativa da Airfinity, que são baseadas em expectativas de governos, notícias na mídia e previsões de produção.
O presidente-executivo da Airfinity, Rasmus Bech Hansen, disse que mais doses provavelmente serão desperdiçadas este ano, embora os fabricantes de vacinas planejem reduzir a produção. Ele disse que isso lhes dá a oportunidade de mudar sua capacidade de fabricação para fazer vacinas para outras doenças.
"Muitas áreas não têm vacinas suficientes. Campanhas de vacinação mais amplas poderiam produzir melhor proteção e salvar vidas", disse ele.
Espera-se algum desperdício com produtos médicos que expiram rapidamente –ainda mais em uma pandemia em rápida mudança, em que é difícil prever a demanda. Mas o principal analista da Airfinity, Matt Linley, disse que uma causa significativa foi a doação de doses com prazos de validade curtos para países em desenvolvimento.
"Uma das maiores coisas relatadas é que os países recebem doações que chegam muito tarde, muito perto do vencimento, então não têm tempo para usá-las", disse ele.
Os países desenvolvidos compraram bilhões de doses com seus contratos iniciais, deixando a iniciativa Covax –criada para garantir que as vacinas chegassem às pessoas mais pobres do mundo– em dificuldade para obter vacinas suficientes no ano passado.
Muitos países ocidentais doaram suas doses sobressalentes depois de perceberem que não tinham demanda suficiente. Quando mais doses chegaram, no início deste ano, os governos dos países em desenvolvimento muitas vezes enfrentaram hesitação de suas populações em se vacinar.
"Se essas doses tivessem chegado a esses países desde o início, a absorção poderia ter sido muito maior", disse Linley, explicando que as pessoas muitas vezes já haviam adquirido imunidade natural por meio de infecção e não estavam tão interessadas em se vacinar.
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