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sábado, 9 de julho de 2022

Evento pró-armas vira palco de campanha eleitoral para Bolsonaro


por Raquel Lopes | Folhapress

Evento pró-armas vira palco de campanha eleitoral para Bolsonaro
Foto: Reprodução

Evento realizado neste sábado (9) em Brasília pelo Proarmas, maior grupo armamentista do Brasil, teve campanha política antecipada para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e contou com a presença dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Daniel Silveira (PTB-RJ), entre outros.
 

O encontro teve início em frente à Catedral de Brasília e seguiu até o Congresso Nacional. Segundo estimativa da Polícia Militar, participaram 2.700 pessoas, que exaltaram medidas adotadas por Bolsonaro para facilitar o armamento da população, uma de suas bandeiras na eleição de 2018 e agora.
 

Pela regra da Justiça Eleitoral, a campanha deste ano só começa em 16 agosto.
 

A defesa de armas é um dos pontos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje líder das pesquisas, usa para atacar o rival. O petista já se referiu ao adversário como "um doente que acha que o problema do Brasil se resolve com armas" e disse que ele prefere armas a livros.
 

O Proarmas se define como um movimento pela busca do "direito fundamental" da legítima defesa e apoia mais de 50 pré-candidatos a diferentes cargos na eleição de outubro. Alguns dos postulantes estavam no local. Houve entrega de material com propaganda.
 

A instituição trabalha principalmente a favor dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). Em comum, todos são favoráveis à reeleição do atual mandatário, entusiasta da causa. Ele foi exaltado em discursos como o do deputado Eduardo Bolsonaro, seu filho.
 

"Eu não quero saber o que vocês pensam sobre as urnas eletrônicas, vá votar [...]. Então, meus caros, vou finalizar aqui com um grito que vocês já conhecem e, quem puder complementar aqui, eu agradeço. 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos'", disse, repetindo o slogan da campanha do pai de quatro anos atrás.
 

O filho do presidente criticou delegados federais que não dão porte de armas a CACs. Projetos de lei que estão sendo aprovadas nos estados e que reconhecem o risco da atividade dos CACs e a efetiva necessidade do porte.
 

"Se o delegado federal não quiser cumprir a lei estadual, a gente vai entrar na Justiça. A gente vai expor esse cara. Se a gente segue a lei, por que as autoridades não seguem a lei?", afirmou Eduardo.
 

Ricardo Caiafa, pré-candidato a deputado distrital do Distrito Federal pelo PL, disse que o mais importante é reeleger o presidente. Ele distribuiu panfleto contendo seu nome, mostrando que é pré-candidato. O material continha os dizeres: "pelo porte [de armas] geral para todos os CACs".
 

"A minha pré-candidatura é secundária. Em primeiro lugar todos nós temos uma missão, e essa missão a gente tem que abraçar e cumprir ela à risca, que é reeleger o nosso presidente da República, Jair Bolsonaro. Depois a gente vai se preocupar com o resto", disse.
 

Durante o evento, ativistas seguraram bandeiras do Brasil e toalhas com o rosto do presidente. Havia também gente com camisa de clube de tiro e do próprio movimento, além de outros itens personalizados.
 

Para que as pessoas conseguissem chegar em Brasília, os organizadores estaduais do Proarmas e clubes de tiro organizaram excursões durante o mês de junho. Pelo site do Proarmas qualquer pessoa poderia contribuir financeiramente para custear as despesas de quem não poderia pagar.
 

O governo federal publicou, até o momento, 15 decretos presidenciais, 19 portarias, dois projetos de lei e duas resoluções que flexibilizam regras sobre armas. Ao mesmo tempo, a gestão Bolsonaro enfraqueceu os mecanismos de controle e fiscalização desses artigos.
 

Na quinta-feira (30), durante sua live semanal, Bolsonaro afirmou que o número de CACs irá crescer ainda mais se ele for reconduzido ao cargo. "Estamos chegando a 700 mil CACs no Brasil. Eu pretendo, havendo uma reeleição, o ano que vem chegar a 1 milhão de CACs no Brasil."
 

A Folha mostrou que o Proarmas tem oferecido apoio a candidatos que querem disputar uma vaga no Congresso em troca de cargos dentro dos gabinetes. A afirmação é do próprio presidente do Proarmas, Marcos Pollon, em vídeo publicado nas redes sociais.
 

Além disso, Pollon tem acesso livre ao Congresso. O senador Jorginho Mello (PL-SC) disse, em um vídeo gravado durante a convenção nacional do Proarmas, que Pollon despacha do seu gabinete.
 

"Se não fossem vocês, não teríamos acesso a nada no Congresso. Hoje temos acesso livre às duas casas", disse Pollon neste sábado.

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