por Denise Paro e João Pedro Pitombo | Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar as urnas eletrônicas, repetiu acusações de fraudes nas eleições de 2018, disse que não existe tipificação para fake news e desafiou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a cassar a sua candidatura.
"Vai cassar meu registro? Duvido que tenha coragem de cassar meu registro. Não estou desafiando ninguém, mas duvido que tenha coragem de cassar", disse o presidente em entrevista nesta sexta-feira (2) em Foz do Iguaçu (PR).
Na sequência, o presidente afirmou que não existe tipificação para fake news e que "não tem nenhum maluco" para cancelar a sua candidatura por esse motivo.
As declarações acontecem em meio a uma escalada, por parte de Bolsonaro, de insinuações golpistas e ataques às urnas eletrônicas.
O presidente evitou comentar a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques de suspender a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que cassou o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR).
Mas defendeu o deputado aliado: "Posso falar da cassação. Olha, eu não tenho adjetivo para expressar aqui a covardia que foi a cassação com Francichini. O que ele falou lá, eu falaria se tivesse aberto uma live também".
Francischini foi cassado em outubro passado devido à publicação de vídeo, no dia das eleições de 2018, no qual afirmou que as urnas eletrônicas haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato a presidente da República.
Bolsonaro repetiu acusações de supostas fraudes nas eleições de 2018 e disse ser complicado confiar no sistema eleitoral: "Não estou atacando a democracia ou o Tribunal Superior Eleitoral, estou desafiando os próprios ministros do Supremo a, em público, debater comigo a questão".
Na sequência, Bolsonaro repetiu que não existe tipificação para fake news e que Francischini foi cassado para criar uma jurisprudência sobre o assunto.
"Eu defendo a liberdade. Onde está tipificação para fake news? Não existe. É a mesma coisa que acusar um de vocês ou condenar por ter assassinado um marciano. Não existe", disse.
O ministro Alexandre de Moraes, que tem previsão de assumir a presidência do TSE em agosto, afirmou nesta sexta-feira (3) que o tribunal não pode subestimar novamente a atuação das chamadas "milícias digitais" nas plataformas de tecnologia.
Moraes, que também é ministro do STF e responsável por inquéritos que investigam suspeitas de produção e distribuição de conteúdo falso por Bolsonaro e apoiadores, fez o discurso um dia depois de seu colega Kassio Nunes Marques derrubar decisões da Justiça Eleitoral que cassaram deputados bolsonaristas.
O presidente foi a Foz do Iguaçu participar de um encontro bilateral com o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez e visitar as obras da nova ponte de integração que ligará os dois países.
Em um discurso relâmpago de quatro minutos, Bolsonaro saudou o presidente do país vizinho, a quem chamou de amigo. Destacou a importância da nova ponte, destacou a importância de Itaipu Binacional e afagou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
O presidente foi recepcionado por motoqueiros que seguiram com a comitiva até o Centro Executivo da Itaipu Binacional. Bolsonaro e Benítez deixaram o local rumo às obras da Ponte da Integração em carro aberto acompanhados por uma motociata.
A Ponte da Integração Brasil-Paraguai vai ligar a Foz do Iguaçu a cidade paraguaia de Presidente Franco. Pelo menos 84% do cronograma da obra está executado. O investimento é de R$ 323 milhões, com recursos da Itaipu Binacional.
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